O engenheiro André Rebouças, autor de obras monumentais ao lado do irmão Antônio, como o projeto da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá e a Estrada da Graciosa, sugeriu ainda no século 19 a criação do Parque Nacional do Guaíra em território paranaense. Inspirado em movimentações realizadas nos Estados Unidos para criar áreas de proteção como o Parque de Yellowstone, André Rebouças em texto publicado no boletim do IHGPR, em 1917, relata os benefícios da criação de espaços de conservação destinados à visitação pública e proteção ambiental. Para André, a abertura desses parques, beneficiariam as “gerações futuras”, como de fato aconteceu, por exemplo, com a criação do Parque Nacional da Ilha Grande. O texto do genial engenheiro, pelo que traz de inovador e expõe um cientista e pensador muito à frente do seu tempo, dialoga naturalmente com as gerações dos dias atuais, que estão debatendo intensmente a questão da preservação ambiental. Acompanhe o trecho em que ele descreve um passeio de barco a vapor pelas belezas naturais do Paraná saindo de “Curityba” em direção às Sete Quedas, na região oeste. 

“Partamos de Curityba, a 900 metros acima do nível do mar; percorramos essas florestas de Araucarias e de Ilix; atravessemos esses campos geraes, tão poeticamente descriptos por Saint Hilaire; tomemos um bello vapor do Tibagy; desçamos Paranapanema; repitamos, ao alvorecer, a singela saudação: - Bom dia, Paraná! - Visitemos o delta do Ivinheima, e vejamos, no Sul, uma repetição dos igarapés do valle do Amazonas; visitemos essas bellas pedras de Itaquatiá; meditemos, um pouco, sobre as ruínas de Ontiveros e de Ciudad Real; sobre a ephemera republica theocratica de Guayra; entremos no Piquiry, o mais bello rio do Paraná, na opinião do ousado capitão Nestor Borba, e repousemos, enfim, na cidade do Guayra; para nos prepararmos á contemplação do assombroso salto das Sete Quedas. 

  Ahi encontraremos, como em Niagara-Fallas (quedas existentes na fronteira entre Estados Unidos e Canadá), pontes suspensas, elevadores, planos inclinados, enfim a arte do engenheiro tentando elevar-se á altura do Fiat de Deus!.

Depois passemos, dias e dias, a admirar todas as maravilhas naturaes, grupadas no Parque Nacional  do Guayra, e por todo o Paraná, até o Iguassú; terminemos a nossa excursão no Salto de Santa Maria; e voltemos á Curityba pelo caminho de ferro de Guarapuava , certos de haver realisado a mais bella viagem circular que se póde fazer neste mundo!

O que é bem certo, o que fica acima de toda a discussão, é que a geração actual não póde fazer melhor doação ás gerações vindouras, do que reservar intactas, livres do ferro e do fogo, as duas mais bellas ilhas do Araguaya e do Paraná. 

Daqui a centenas de annos poderão nossos descendentes ir vêr dous especimensdo Brazil, tal qual Deus os creou; encontrar reunidos, no Norte e no Sul, os mais bellos especimens de uma fauna variadissima, e principalmente de uma floraque não tem rival no mundo!

Tal é a nossa aspiração, escrevendo estas linhas .

Rio de Janeiro, em 2 de abril de 1876.”